Um pedágio que cobra caro e entrega pouco

sebastiao

Essa semana peguei estrada pra visitar uns parentes em Piracanjuba. Saí cedo de casa, ali do Jardim Tiradentes, e logo entrei na famigerada BR-153. Confesso que já fui esperando sacolejo, mas o que encontrei foi ainda pior: buraco mal tapado, ondulação em todo canto e um desconforto que só quem passa por ali entende. E o que mais dói — além da coluna — é lembrar que a gente paga pra isso.

A BR-153, que deveria ser orgulho por ser uma das mais importantes do país, virou sinônimo de abandono. Ela liga nossa Aparecida à Goiânia, passa por Anápolis, vai até Brasília e além, pro outro lado é a mesma coisa, é o caminho principal para Piracanjuba, Buriti Alegre e Itumbiara… enfim, conecta meio mundo. Mas é só entrar nela pra perceber que importância não garante qualidade.

Na mesma viagem, quando entrei na GO-217, veio o espanto. A rodovia, que é gerenciada pelo governo, estava um tapete. Lisa, sinalizada, com acostamento seguro. A diferença era tão gritante que parecia que eu tinha saído de um país e entrado em outro. E olha que ali não se cobra pedágio, viu? Nenhum centavo.

É nessas horas que a gente começa a questionar: se na estrada que a gente paga pra usar o serviço é ruim, e na que é pública o asfalto é de primeira, tem algo fora do lugar. Cadê a lógica disso tudo? A gente já banca tanta coisa com imposto e ainda precisa desembolsar dinheiro toda vez que pega a BR. Em troca, ganha risco de acidente, estresse e raiva acumulada.

E não é só lá fora não. Aqui mesmo, dentro da nossa cidade, o trecho da BR que corta Aparecida está do mesmo jeito. Quem passa pela região Leste, como eu passo direto, sabe bem. Parece que a estrada foi esquecida, deixada pra lá por quem só lembra da gente quando é hora de cobrar.

Essa situação me incomoda porque sei que muita gente depende daquela via pra trabalhar, pra estudar, pra cuidar da família. E o mínimo que a gente espera é respeito. Respeito com o nosso dinheiro, com o nosso tempo, com a nossa segurança.

O que mais me revolta é perceber que o problema não é falta de capacidade — porque quando querem, eles fazem. É falta de prioridade. De enxergar que estrada boa não é luxo, é necessidade. Ainda mais numa cidade como Aparecida, que cresce todo dia, que movimenta gente pra lá e pra cá como um formigueiro incansável.

Fica aqui meu desabafo, mas também um apelo. Que cobrem, que fiscalizem, que exijam. Porque se já estamos pagando pra passar, o mínimo que merecemos é uma estrada digna, que não nos coloque em risco a cada viagem.

A gente merece mais que buraco e descaso. Merece um caminho liso pra seguir em frente com dignidade.

Escrito Por

Aos 65 anos, Sebastião carrega nas mãos a memória de uma cidade inteira. Chegou em Aparecida no fim dos anos 70, quando tudo ainda era barro e promessa. Foi serralheiro por décadas até se aposentar — cada portão, cada grade, um pedaço da sua história. Entre a missa e o noticiário, não se cala: cobra, opina, representa quem construiu Aparecida com suor.

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