Um alívio merecido
Por Sebastião Silva
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Fiquei sabendo essa semana que a faixa de isenção do Imposto de Renda pode subir pra quem ganha até 5 mil reais. Pensei: “Uai, será que ouvi certo?”. E era verdade mesmo. Pra quem tá acostumado a só ver notícia ruim, receber uma dessas faz até o coração bater mais leve.
Eu, que já sou aposentado, tenho uma isenção um pouco maior há um tempo, mas sei bem o quanto esse desconto no contracheque pesa pra quem tá na ativa. Não é justo uma pessoa que ganha pouco já começar o mês com o governo metendo a mão. E olha que não tô falando de luxo não, viu? É o básico: comida, remédio, aluguel, escola dos filhos. Tem gente que mal vê o salário cair na conta e já tá raspando o fundo da panela.
O mais curioso é que essa proposta veio do atual governo, que muita gente gosta de criticar só por ser de esquerda. Mas olha que coisa: foi aprovada na Câmara dos Deputados com todos os votos a favor. Até quem vive votando contra tudo que vem do Planalto teve que reconhecer que essa mudança era mais do que necessária. Sinal de que, quando o assunto é o povo, não tem ideologia que segure. Ou melhor, não deveria ter.
Fiquei pensando: por que não fizeram isso antes? Quantos governos passaram e deixaram essa conta pesar nas costas de quem já mal se aguenta? Gente pagando imposto como se fosse rica, quando mal consegue pagar o gás. Isso não é só economia. Isso é justiça.
A turma lá do meu bairro, no Jardim Tiradentes, tá animada. Teve vizinho que até brincou: “Agora vou poder comprar carne sem medo de estourar o orçamento!” – e não é exagero, não. Comida virou item de luxo na mesa de muita gente nos últimos tempos.
Eu mesmo já vi gente que ganha pouco demais cair na malha fina por causa de erro de contador ou porque fez bico com carteira assinada. Isso trava restituição, gera multa, dor de cabeça. Agora, com essa nova faixa, mais gente vai dormir tranquila. É menos um medo pra carregar nas costas.
E olha que ainda falta o Senado votar. Mas tenho esperança. Porque se até a Câmara, que vive dividida e gritando pra todos os lados, foi unânime, não tem muito como o Senado inventar moda. Seria bom demais ver isso sair do papel ainda esse ano.
Tem gente que diz que não vai fazer tanta diferença. Mas pra quem ganha até cinco mil, qualquer trocado ajuda. É feira da semana, é material escolar, é conserto do carro, é parcela do cartão. E mais que isso, é o sentimento de que o sistema, pela primeira vez em muito tempo, olhou pra baixo. Olhou pra quem carrega o Brasil nas costas sem nunca ser lembrado.
A vida não tá fácil. O dinheiro não rende. Mas quando uma notícia dessas chega, a gente sente que ainda tem jeito. Que dá pra melhorar. Que nem tudo está perdido. Aí volto a acreditar que a política pode servir pra alguma coisa além de discurso bonito em época de eleição.
No fim das contas, a gente não quer muito. Só quer um pouco de alívio. E se ele vier em forma de isenção, melhor ainda. Porque ninguém deveria ser penalizado por ganhar pouco — deveria, sim, ser ajudado a viver melhor.

Escrito Por Sebastião Silva
Aos 65 anos, Sebastião carrega nas mãos a memória de uma cidade inteira. Chegou em Aparecida no fim dos anos 70, quando tudo ainda era barro e promessa. Foi serralheiro por décadas até se aposentar — cada portão, cada grade, um pedaço da sua história. Entre a missa e o noticiário, não se cala: cobra, opina, representa quem construiu Aparecida com suor.
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