Se o Natal começa pela luz, que ela comece dentro da gente
Por Sebastião Silva- Publicado em
De uns dias pra cá, comecei a reparar que o ar mudou. Não é só o calor que tá voltando com força, nem as chuvas que ainda andam tímidas. É outra coisa. É aquele cheiro de rabanada que a memória inventa antes da cozinha. É o som do sininho que parece tocar no fundo da cabeça da gente quando dezembro começa a se aproximar.
Essa semana, vi pela televisão que Goiânia já inaugurou o tal do Natal do Bem. Um trem bonito, cheio de luzes, shows, árvore gigante e até pista de gelo. Confesso que fiquei encantado. E olha que não sou homem de luxo nem de shopping. Mas ver o povo reunido pra celebrar o fim do ano, com sorriso no rosto, me emociona mais do que muito discurso por aí.
Aí pensei: “Será que aqui em Aparecida também vai ter alguma coisa?”
E não é que já tá tendo? Passando perto da Cidade Administrativa, reparei nos enfeites. A praça tá ganhando cara nova com as luzes, o presépio, os arcos iluminados. Pode parecer simples pra quem só vê a grandiosidade dos eventos da capital, mas pra mim é importante. Muito. Porque é nesse pequeno gesto de acender luz na cidade que a gente começa a acender esperança nas pessoas.
Eu gosto de Natal. Sempre gostei. Não pelos presentes — que foram poucos ao longo da vida —, mas pela reunião. Pela oração em família, pelo cheiro do frango assando, pela lembrança da infância lá no interior, quando minha mãe amarrava um laço vermelho em cada cadeira e chamava de ceia. E era ceia, sim, com tudo que cabia dentro da fé e do bolso.
Hoje em dia, o Natal tem ganhado outros sentidos. Virou evento, show, foto pra rede social. Mas no fundo, pra mim, ele ainda é tempo de refletir, de reunir e de agradecer. E ver o poder público, mesmo com tantos problemas na cidade, ainda assim tentando colocar um pouco de cor e brilho nas ruas, me dá uma ponta de alegria.
Claro que tem muita coisa a ser feita. Tem praça quebrada, rua esburacada, bairro esquecido. Mas uma cidade também vive de símbolos. E o Natal, quando bem cuidado, pode ser mais do que uma data no calendário — pode ser um respiro, um afago, uma pausa merecida.
Eu espero, de verdade, que esse clima se espalhe. Que a iluminação na praça não sirva só pra foto bonita, mas pra lembrar os gestores de que a cidade também precisa de luz durante o ano inteiro. Que o mesmo empenho que botam pra montar o cenário de Natal, coloquem também na saúde, na educação, no transporte. Porque o povo precisa de estrutura, mas também precisa de alegria.
E espero mais: que essa decoração da Cidade Administrativa sirva de ponto de encontro. Que tenha coral, apresentação de escola, feira de artesanato, brinquedo pras crianças. Que o Natal seja vivido, e não só pendurado.
No fundo, o que quero é que Aparecida seja também um lugar onde as pessoas queiram celebrar. Que os filhos da cidade não precisem atravessar a BR pra sentir o espírito natalino. Que tenham onde levar seus filhos, onde sentar com a família e dizer: “é aqui que eu moro, e é aqui que eu quero estar”.
Porque, como eu sempre digo, se o Natal começa pela luz, que ela comece dentro da gente — e que essa luz se espalhe por toda a cidade, até chegar nas casas mais simples dos bairros mais esquecidos.
Escrito Por Sebastião Silva
Aos 65 anos, Sebastião carrega nas mãos a memória de uma cidade inteira. Chegou em Aparecida no fim dos anos 70, quando tudo ainda era barro e promessa. Foi serralheiro por décadas até se aposentar — cada portão, cada grade, um pedaço da sua história. Entre a missa e o noticiário, não se cala: cobra, opina, representa quem construiu Aparecida com suor.
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