O Giz Que Escreve o Futuro
Por Sebastião Silva- Publicado em
Tem coisa que não envelhece: o cheiro de giz no quadro-negro, a voz firme da professora chamando atenção da sala, e aquele carinho que a gente recebia mesmo sem entender o tamanho daquilo tudo.
Dia desses, passando perto da escola do Jardim Tiradentes, parei um pouco pra ver a criançada saindo. Um menino com a mochila quase maior que ele saiu correndo e deu um abraço na professora. Aquilo me fez lembrar da dona Cândida, minha professora da terceira série. Foi ela quem me ensinou a ler e escrever, mas ensinou muito mais do que isso. Me ensinou a respeitar, a ouvir, a pensar.
Naquele tempo, professor era quase uma entidade sagrada. E deveria continuar sendo. Hoje a gente vê a luta que eles enfrentam pra fazer a escola funcionar. Salário apertado, sala cheia, estrutura faltando e, mesmo assim, seguem firmes. Alguns até tiram do próprio bolso pra comprar material pra sala. Pode uma coisa dessas?
Outro dia mesmo teve aquela greve aqui em Aparecida. Os professores só queriam receber o que a lei já garante. Pediram o que é de direito, foram pra rua, enfrentaram crítica, e no fim ainda viram a Justiça mandar parar tudo. E a prefeitura? Fez ouvidos de mercador. Mas mesmo assim, na segunda-feira lá estavam eles: firmes, dando aula.
Eu fico triste com isso. Porque professor não é só quem ensina matéria. É quem pega na mão da criança e mostra o caminho. É quem ajuda a moldar o caráter, quem segura as pontas quando a família não consegue, quem enxerga o potencial onde ninguém mais vê.
No Rosa dos Ventos, conheço uma professora que dá aula de reforço na varanda de casa porque os alunos não têm internet pra acompanhar direito as aulas. Isso não sai na televisão, mas é a realidade. E é isso que me dá esperança: saber que tem gente assim espalhada por aí, fazendo muito com pouco.
Se hoje eu sei ler esse jornal, escrever meus bilhetes pras minhas netas e até entender o que rola no mundo, é porque alguém lá atrás teve paciência de me ensinar. E por isso, no Dia dos Professores, eu não mando só parabéns. Eu mando respeito. Gratidão. E uma prece pra que um dia a gente olhe pra eles como merece: como os verdadeiros construtores do futuro.
Escrito Por Sebastião Silva
Aos 65 anos, Sebastião carrega nas mãos a memória de uma cidade inteira. Chegou em Aparecida no fim dos anos 70, quando tudo ainda era barro e promessa. Foi serralheiro por décadas até se aposentar — cada portão, cada grade, um pedaço da sua história. Entre a missa e o noticiário, não se cala: cobra, opina, representa quem construiu Aparecida com suor.
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