Branquinha boa é a que não mata
Por Sebastião Silva
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Esses dias, enquanto escutava o noticiário na cozinha, ouvi de novo aquilo que já tá virando rotina: mais um lugar fechado por falsificar bebida. E, como quase sempre, era aqui em Aparecida. Já perdi as contas de quantas vezes escutei coisa parecida. Agora então, com esse tal de metanol causando intoxicação e até morte, o alerta acendeu de vez.
Eu mesmo nunca fui de beber muito. Gosto de uma branquinha de vez em quando, principalmente em festa de família, com carne na brasa e viola tocando. Mas confesso que até isso agora ando olhando duas vezes antes de encostar o copo na boca. A gente envelhece, mas não perde o medo de morrer por bobagem.
O caso mais recente me chamou atenção. Um tanto de gente passando mal, algumas perdendo a vida, tudo por causa de bebida adulterada. E, veja bem, não é ressaca, viu? Porque ressaca a gente até brinca que é o castigo por ter exagerado. Mas isso agora é diferente. Tem gente aí que bebe um copinho achando que é cachaça e acaba com o fígado destruído, rins falhando, vista embaçada. E isso se der sorte de sair com vida.
A verdade é que o povo tá colocando qualquer coisa dentro de garrafa. Tem uns que chamam de “batizada”, mas o batismo que se faz com isso aí é direto no hospital – ou pior. Metanol não é coisa de se brincar. É veneno. E o pior é que não vem com aviso. A garrafa é bonitinha, tem rótulo, cheiro bom… e pronto, o estrago tá feito.
Aqui em Aparecida, ainda bem que não apareceu caso, mas a gente sabe como é. Uma hora chega. O que tem de boteco, festa improvisada e bebida vendida de qualquer jeito… O risco tá por aí. E a verdade é que quem mais sofre é o povo simples, que às vezes só quer esquentar a noite com um gole e acaba bebendo o que não devia.
Teve um sobrinho meu que disse rindo: “Tio, a minha ressaca da última festa foi tão braba que até achei que era metanol!” E eu falei: “Meu filho, nesse caso, vai no hospital! Porque ressaca que parece envenenamento, é sinal de alerta.” E é mesmo. O corpo da gente avisa. Dor de cabeça forte demais, enjoo que não passa, visão ruim, corpo mole… pode ser mais do que só um gole a mais.
No fim das contas, não tô dizendo pra ninguém parar de beber. Cada um sabe de si. Mas pelo menos, que tome cuidado. Procura um lugar confiável, uma bebida conhecida. E, se sentir que o corpo tá estranho demais depois de beber, não inventa de dormir achando que vai passar, não. Vai no posto, no hospital mais próximo. Melhor pagar consulta do que pagar com a vida.
A gente já enfrenta tanta coisa: buraco nas ruas, calor de rachar, salário apertado… não precisa colocar veneno no copo. Cachaça boa é a que faz rir, não a que faz chorar.

Escrito Por Sebastião Silva
Aos 65 anos, Sebastião carrega nas mãos a memória de uma cidade inteira. Chegou em Aparecida no fim dos anos 70, quando tudo ainda era barro e promessa. Foi serralheiro por décadas até se aposentar — cada portão, cada grade, um pedaço da sua história. Entre a missa e o noticiário, não se cala: cobra, opina, representa quem construiu Aparecida com suor.
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