Asfalto novo, esperança antiga
Por Sebastião Silva
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Outro dia mesmo passei ali pela Avenida Santana e vi os homens trabalhando, caminhão pra lá, rolo compressor pra cá… O cheiro de piche no ar e o barulho do asfalto sendo espalhado. Quem vive em Aparecida há décadas como eu, sabe que esse som é sinal de promessa — e de esperança também.
Tenho reparado que muita coisa começou a andar de novo na cidade. Não dá pra negar que estão recapando várias avenidas importantes. A própria Avenida das Nações, que há tempos gritava por socorro, agora começa a ganhar uma nova cara. E olha, era mais do que necessário. Os buracos já pareciam buracos dentro de buracos.
Claro que falta um pouco de organização. Em alguns trechos, a gente é pego de surpresa. Entra numa rua achando que vai chegar rápido e acaba preso no trânsito porque a via tá interditada. Faltou aviso, faltou um cronograma claro pra orientar o povo, até porque nem todo mundo pode mudar o caminho do dia pra noite.
Mas apesar dos transtornos, eu prefiro enxergar o que fica depois. E o que fica, se for bem feito, é qualidade de vida. Uma cidade com asfalto novo é uma cidade mais segura, mais bonita e mais respeitosa com quem vive nela. Menos buraco é menos moto caindo, menos pneu rasgado, menos susto na direção.
O problema é que Aparecida é grande. E como toda cidade grande, ela tem pressa. Tem lugar que já tá recebendo recapeamento novo e tem lugar que nem o asfalto antigo chegou. Não é possível que em pleno 2025 ainda tenha rua de terra em bairro populoso. Fico pensando na parte alta do Rosa dos Ventos, onde o mato cresce mais rápido que o cuidado. E se chover, vira lama. Se secar, vira poeira.
Por isso que eu fico com um pé no avanço e o outro no alerta. Porque se tem obra acontecendo, é bom sinal. Mostra que o dinheiro tá girando, que tem gente sendo contratada, que tem esforço sendo feito. Mas também mostra onde não se chegou ainda. Mostra que há bairros esquecidos, ruas ignoradas e moradores esperando.
A cidade inteira deveria ser tratada com o mesmo zelo das avenidas mais visíveis. Porque quem mora no fundão do bairro também paga imposto, também anda a pé, também pega ônibus, também precisa de dignidade. E o asfalto, por mais simples que pareça, é dignidade. É o mínimo. Não pode ser luxo.
Fico esperançoso de verdade. Ainda mais depois de um primeiro semestre bem devagar, onde a gente viu mais promessa do que ação. Agora que a coisa começou a andar, tomara que não pare. E tomara que o recapeamento seja só o começo. Quero ver praça reformada, iluminação chegando onde tá escuro, escola ganhando pintura nova. Quero ver a cidade viva.
E se posso deixar um pedido a quem tá no comando dessas obras, é esse: que olhe pra cidade inteira. Que pense nos bairros onde ninguém vai pra tirar foto. Que ande pelas ruas onde o povo já cansou de reclamar. Que veja que o povo não quer só discurso bonito. Quer obra feita, e bem feita.
Porque quando o asfalto é novo, a esperança também se renova. Mas ela só fica se o trabalho continuar. E não faltar pra ninguém.

Escrito Por Sebastião Silva
Aos 65 anos, Sebastião carrega nas mãos a memória de uma cidade inteira. Chegou em Aparecida no fim dos anos 70, quando tudo ainda era barro e promessa. Foi serralheiro por décadas até se aposentar — cada portão, cada grade, um pedaço da sua história. Entre a missa e o noticiário, não se cala: cobra, opina, representa quem construiu Aparecida com suor.
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