Manter o açúcar no sangue sob controle é um cuidado que pode salvar vidas. No caso de crianças com diabetes tipo 1, esse equilíbrio é ainda mais importante — e pode ser a chave para evitar internações, crises agudas e até sequelas permanentes.

Prevenção que evita emergências

De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2019 e 2023, o SUS gastou mais de R$ 200 milhões com internações de crianças e adolescentes com diabetes. Em muitos casos, as complicações poderiam ter sido evitadas com o controle glicêmico adequado desde o início.

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A principal vilã dessas internações é a cetoacidose diabética, uma condição grave que surge quando falta insulina no organismo. Nessa situação, o corpo tenta se manter ativo queimando gordura. O problema é que esse processo gera substâncias tóxicas chamadas cetonas, que se acumulam no sangue e podem afetar o funcionamento de órgãos como pulmões e cérebro.

Sensor que detecta alterações em tempo real

Nesse cenário, o uso de sensores de glicose tem feito diferença na vida de muitas famílias. O aparelho é pequeno, simples de usar e indolor. Ele mede os níveis de glicose de forma contínua e mostra se os valores estão subindo, caindo ou estáveis — o que permite ajustar a alimentação e a insulina antes que qualquer crise aconteça.

A endocrinopediatra Jéssica França, do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), explica que prevenir a cetoacidose é muito mais eficaz e econômico do que tratá-la. “As maiores despesas com diabetes estão relacionadas a emergências evitáveis. Controlar a glicemia de forma preventiva é o melhor caminho”, destaca.

Aparecida oferece sensores gratuitos

Em Aparecida, o cuidado vai além da teoria. A Secretaria Municipal de Saúde, por meio do programa Viver Mais Feliz, distribui sensores de glicemia para crianças e adolescentes de 4 a 14 anos. Atualmente, 125 pacientes atendidos no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) utilizam a tecnologia.

Com o sensor, o monitoramento se torna menos invasivo: não há necessidade de furar os dedos várias vezes ao dia. Basta aproximar o leitor da pele e, em segundos, o resultado aparece na tela. Profissionais de saúde acompanham os dados e orientam as famílias remotamente.

Sinais que não devem ser ignorados

Por isso, o diagnóstico precoce se torna ainda mais essencial. Jéssica França alerta que os primeiros sintomas podem surgir de forma rápida. Sede em excesso, urina constante, perda de peso repentina, cansaço extremo, sonolência e visão embaçada são sinais comuns do diabetes tipo 1 e devem ligar o alerta de pais e responsáveis.

“O problema é que, muitas vezes, os sintomas são confundidos com outras situações do cotidiano. Quando o diagnóstico atrasa, o risco de agravamento aumenta. Por isso, toda atenção faz diferença”, orienta a médica.

Alimentação e movimento fazem parte do tratamento

Além disso, manter uma rotina saudável também ajuda. Embora o diabetes tipo 1 não esteja relacionado à alimentação ou obesidade, uma dieta equilibrada e a prática regular de atividade física são aliadas importantes no dia a dia da criança.

Segundo Jéssica, até mesmo atividades simples, como brincar em casa ou caminhar no bairro, contribuem para o controle glicêmico. E mais: envolvem a família no processo de cuidado, o que reforça o vínculo e melhora a adesão ao tratamento.

Cuidar é controlar, não restringir.

No fim das contas, controlar a glicemia não é limitar a vida da criança — é protegê-la. Com tecnologia acessível, diagnóstico rápido e apoio constante, é possível transformar uma condição crônica em algo manejável. As crianças continuam brincando, crescendo e frequentando a escola. Mas agora, com mais segurança e menos medo.

Afinal, o verdadeiro impacto não está apenas nos números dos exames, mas no sorriso tranquilo de uma criança que pode viver com liberdade, mesmo tendo diabetes tipo 1. Em Aparecida, isso já é realidade para muitas famílias.

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