Reeducandos ganham espaço no mercado de trabalho

Reeducandos atuam na estamparia da Sallo Jeans dentro do presídio Daniella Cruvinel, em Aparecida, como parte do projeto Heliponto de reintegração social.
Reeducandos trabalham na fábrica da Sallo Jeans no presídio de Aparecida. (Foto: Rodrigo Estrela)

Dentro do Complexo Prisional Policial Penal Daniella Cruvinel, em Aparecida de Goiânia, a fábrica da Sallo Jeans passou a representar um caminho possível para quem busca recomeçar. Desde então, a rotina de 213 reeducandos é marcada por disciplina e trabalho, em uma proposta que une produção têxtil, formação profissional e valorização pessoal. Ao mesmo tempo, o programa Heliponto, com oito anos de atuação, tem ressignificado o tempo de prisão como oportunidade de preparo para a vida em liberdade.

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Produção intensa e aprendizado técnico

Conforme a estrutura da fábrica avança dentro da unidade prisional, os reeducandos operam máquinas de costura, cortam tecidos e embalam peças com precisão. Em seguida, cada uma das cerca de 10 mil peças diárias, entre calças e camisetas, carrega o esforço de quem vê no trabalho uma chance de recomeço. Além disso, outros grupos se dedicam à fabricação de brinquedos de madeira, blocos de concreto para calçadas e móveis simples.

Por outro lado, também há quem atue no preparo das refeições servidas na própria unidade fabril. Supervisionados por nutricionistas, os reeducandos aprendem técnicas básicas de alimentação e higiene, absorvendo um conhecimento prático que pode ser útil após o cumprimento da pena. Nesse meio tempo, desenvolvem senso de responsabilidade e rotina.

Heliponto: experiência que gera resultados

Desde então, mais de mil reeducandos já passaram pelo programa Heliponto. A iniciativa funciona como uma ponte entre o sistema prisional e o mercado de trabalho formal, criando um elo raro entre o que se aprende na prisão e o que se exige fora dela. Do mesmo modo, o projeto não termina com o fim da pena, parte dos participantes que se destacam são contratados pela própria Sallo Jeans em sua sede em Aparecida.

Atualmente, 30 ex-reeducandos fazem parte do quadro efetivo da empresa fora dos muros. Eles ingressaram diretamente após deixar o presídio, sem passar pelo desemprego ou por longas esperas por reinserção social. Em outras palavras, o programa mostra que é possível reconstruir uma trajetória com base na confiança e na entrega ao trabalho.

Segundo a direção da empresa, a qualidade da produção realizada no presídio é compatível com a de qualquer linha de montagem profissional. Ainda mais, a dedicação dos internos supera, em muitos casos, o desempenho de trabalhadores contratados no mercado convencional.

Dignidade, renda e redução de pena

Tal qual outras experiências bem-sucedidas de reinserção, o programa oferece salário fixo, bônus por produtividade e benefícios legais. Cada reeducando tem um dia da pena reduzido a cada três dias trabalhados, o que serve como estímulo e recompensa. Ao passo que a produtividade é alta, o ambiente de trabalho colabora para diminuir tensões internas e reforçar vínculos positivos entre os participantes.

Analogamente, os efeitos do projeto não se limitam ao ambiente físico da prisão. Um dos reeducandos, de 50 anos, relatou que a experiência o ajudou a recuperar a autoestima, resgatar o respeito dos filhos e pensar em continuar no ramo têxtil após a liberdade. Por conseguinte, acredita que o conhecimento adquirido será sua principal ferramenta ao sair dali.

Modelo que inspira

Frequentemente, o projeto da Sallo Jeans é citado em eventos sobre reintegração social e sistemas prisionais. Assim como outras boas práticas espalhadas pelo país, ele aponta caminhos viáveis para reduzir a reincidência criminal e reverter quadros de exclusão social.

Por fim, a experiência mostra que o trabalho, quando oferecido com responsabilidade e visão de futuro, pode reconstruir trajetórias, devolver dignidade e transformar o que parecia irreversível. Sobretudo, confirma que a sociedade só tem a ganhar quando abre espaço para o recomeço.

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